segunda-feira, 12 de março de 2018

Juventude e Violência

JUVENTUDE E VIOLÊNCIA 

A juventude, na condição de mais prejudicada entre os prejudicados, tem um papel crucial no processo de transformação. Não porque é futuro do planeta, mas porque, agora mesmo, no presente, tem sido agredida diariamente pelas mais diversas faces dessa lógica perversa que eleva o lucro sobre a vida, prioriza o consumismo em detrimento do bem estar, valoriza o individualismo e a competitividade contra a coletividade e a cooperação e, o que é pior, convence muita gente de que “não tem jeito mesmo, sempre foi assim e continuará sendo”. 

Sendo a mais prejudicada entre os prejudicados, a juventude não pode esperar que alguém faça algo por ela ou para ela. Por mais que aconteçam ações em benefício da juventude que não tenham sido construídas e/ ou executadas por ela mesma, só se pode esperar mudanças efetivas se a própria juventude participar. 

E a participação não será concedida. Ela precisa ser uma conquista, fruto da organização. Inúmeros exemplos de conquistas que vieram da organização popular poderiam ser citados. Elegendo uma importante conquista latino-americana no campo da educação (já é senso comum que o combate à violência passa pelo investimento em educação), lembra-se: em 2008, a Bolívia alcançou a condição de território livre do analfabetismo, tendo sido o terceiro país da América Latina a fazê-lo. O primeiro foi Cuba, em 1961 e, quatro décadas depois, a Venezuela, em 2005. Entretanto, é evidente que os desafios pela frente ainda são enormes. Se a África é o continente mais pobre financeiramente do mundo, a América Latina é a região (subcontinente) mais desigual. Assim, não é por acaso que “os jovens latinos americanos entre 15 e 24 anos são os que mais correm risco, em todo mundo, de ser assassinados”. E o Brasil, atrás de Colômbia e Venezuela, é o 3º país com mais assassinatos de jovens no mundo. Isso se deve a uma taxa de 51,7 homicídios para cada 100 mil jovens. Taxa essa que entre 1994 e 2004 cresceu a um ritmo maior que o número de assassinatos entre a população total. 

Outra informação a esse respeito revela o caráter histórico da perversidade: em cada grupo de dez jovens de 15 a 18 anos assassinados no Brasil, sete são negros. Paralelo a isso, constata-se que mais de uma em cada cinco pessoas da população jovem não estuda nem trabalha. A situação é urgente, chegou ao limite. "A violência não tem só idade. Tem cor, raça, território. As vítimas são os negros, os pobres, os moradores de favelas", afirma a psicóloga Cenise Monte Vicente. Portanto, importa que a mudança aconteça de baixo para cima (até porque se não for assim não será uma mudança) na medida em que as próprias vítimas vão tomando consciência de que seus dramas não acontecem isolados. Pelo contrário, se articulam numa estrutura mais ampla, que assegura a continuidade de sua aflição como condição para manter os privilégios de uns poucos.

Fonte: A Juventude quer viver (Mossoró, RN : PJMP; Diocese de Mossoró, 2012.) 



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