terça-feira, 29 de março de 2016

Seu nome é MISERICÓRDIA

Vamos iniciar esta reflexão fazendo referência à etimologia da palavra Misericórdia. Como resultado das palavras latinas: misere, cor e dare que, juntas significam dar o coração a aqueles/as que são vitimados/as pela miséria. E pode-se entender a miséria como fragilidade, falta de algo, ausência dos direitos fundamentais, até a exploração e exclusão de inúmeras pessoas e grupos, pelo Capitalismo Neoliberal, hoje globalizado.

Dando mais um passo, é bom ter em conta que o povo de Israel, segundo relata o Primeiro Testamento da Bíblia, faz uma experiência da misericórdia de Deus. A partir dessa experiência, define a Deus através do termo hebraico YHWH que significa “Deus está”. “Estou contigo”.  “Ele está no meio de Nós”. Ou seja, “Deus presente sempre!”(Ex. 3,14-15) na realidade de dor, sofrimento, exploração e violência do cotidiano da vida desse povo. A diferença de Deus chamado de Altíssimo, que está distante da realidade que vive as pessoas, sem poder tocá-la nem deixar-se tocar por ela.

A abertura do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, convocado pelo Papa Francisco para o dia 8 de Dezembro de 2015, é uma belíssima oportunidade para as pessoas cristãs fazermos uma inédita experiência de misericórdia. Para isso, é bom deixar que as palavras do Papa, que vem confirmar o que estamos refletindo, se façam carne de nossa carne e nos instiguem a um compromisso concreto: 

“Neste Ano Santo, poderemos fazer a experiência de abrir os corações a aqueles/as que vivem nas mais variadas periferias existênciais (...). Quantas situações de precariedade e sofrimento presentes no mundo atual! Quantas feridas gravadas na carne de muitos/as que já não tem voz, porque o seu grito se foi esmorecendo e se apagoupor causa da indiferença dos povos ricos. Neste Jubileu, a Igreja sentir-se à chamada ainda mais a cuidar destas feridas, a alivia-las com o óleo da consolação, a enfaixa-las com a Misericórdia, e trata-las com a solidariedade e atenção devidas(...) Abramos os nossos olhos para ver as misérias do mundo, as feridas de tantos irmãos e irmãs privados/as de sua própria dignidade e sintamo-nos desafiados a escutar  o seu grito de ajuda. Que o seu grito se torno o nosso e, juntos/as possamos romper a barreira da indiferença.”( O Rosto da Misericórdia págs. 21 e 22).

Em sintonia com as palavras de Francisco, queremos finalizar trazendo à tona a fundadora da nossa Congregação de Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor, Antonia de Oviedo e Schönthal.  Antonia junto com o Pe. Serra (Fundador) abre portas à Misericórdia às mulheres em situação de prostituição pós-revolução industrial em Espanha. Ela no topo de seu caminho de Espiritualidade experimenta a identificação com esse Deus que tem entranhas de misericórdia. Sente que se lhe "contorcem a suas entranhas” (Cfr. Oseias 11, 8), até a indignação profética, diante da realidade de opressão e injustiça, desse grupo de mulheres. Consegue nesta caminhada de sua vida de Oblata que, a justiça e a misericórdia andassem de mãos dadas. Mas para isso teve que fazer algumas rupturas, entre outras, romper com o palácio que era o lugar do poder, da superioridade, da distancia. Aquele lugar que não lhe permitia enxergar, nem sentir e, menos ainda tocar e deixar-se tocar, pela realidade gritante das mulheres prostituídas que, se encontravam doentes e isoladas nos porões do Hospital São João de Deus em Madri. Concretizada essa ruptura consegue aproximar as mulheres prostituídas a sua vida, amá-las com compaixão, até ver nelas a “imagem do Redentor”.

Neste sentido o caminho de espiritualidade percorrido por ela, lhe exigiu, como consequência da concretização dessas rupturas, uma mudança de seu nome. Adquiriu assim uma nova identidade, um nome novo, porque abriu de par em par, as portas de seu coração a compaixão, a misericórdia. Portanto, chamou-se de MISERICÓRDIA. E faz ainda uma proclamação cheia de novidade da Boa Nova do Reino: “Eu me chamo Misericórdia”. E sua prática e vivência cotidiana, de mãos dadas com suas irmãs de comunidade e as mulheres em situação de prostituição, a confirmam.

Seu nome é agora Antonia Maria da Misericórdia e está centrado nessa característica essencial do Deus de Jesus. É a partir desse nome novo que, Antonia convida-nos a cada dia, a seguir as pegadas de Jesus, do Redentor e libertador de nossas vidas, nas suas pegadas.

Ir. Manuela Rodríguez Piñeres(OSR).

Vamos Refletir


segunda-feira, 28 de março de 2016

Antonia, profetiza da misericórdia

...Antonia chega a viver na compaixão, não só dá o seu dinheiro, mas seu tempo, sua pessoa, as aloja em sua própria casa e as senta à sua mesa. Desde este ponto podemos entender esta expressão sua: “Todas iguais, todas  irmãs em tudo”, pois para ela “sua experiência de Deus, é Comunidade, reciprocidade dentro das diferenças e não dominação; ternura, não violência; encontro, não marginalização; acolhida, nunca distanciamento; libertação, não condena” (Gómez Rios, pág. 68).

Antonia chegou a este ponto do caminho da misericórdia experimentando “que se lhe revolvem as entranhas” diante do sofrimento das mulheres com as que compartilha sua casa, até a indignação que a leva a denunciar as injustiças das quais são vítimas. É que a justiça e a misericórdia vão de mãos dadas na vida de Antonia. Chamou-se misericórdia e o seu dia a dia o manifesta. 

Antonia encarnou o sentido bíblico da compaixão que sempre está ligada à justiça e ao direito. Vejamos neste sentido como age Antonia Maria da Misericórdia quando o prefeito de Ciempozuelos lhe exige que ela não pode aceitar no asilo a nenhuma mulher que não esteja com os devidos documentos: “Não deve ser admitida no seu Centro nenhuma pessoa que não tenha seus devidos documentos” Com isso tentava esta vez o prefeito prejudicar o direito à identidade como pessoas. “Sr. Prefeito, que documentos tem para apresentar? O único que tem é o de prostitutas(que a mesma prefeitura fornece  para elas)  e com ele se lhes fecham definitivamente todas as portas(...)”(...) “A ameaça que o Senhor me faz é a primeira que tenho recebido na vida e carece de toda fundamentação; se o Senhor quer levar para prisão todas as sessenta pessoas que moram na casa estamos prontas. Assim por alguns dias me poupará a preocupação de providenciar-lhes comida. Pode acontecer isto Senhor Prefeito? Deixe às Irmãs querer às mais pobres, que isto é muito bom para o povoado.” (Gomes Rios, pág. 54).

Destas práticas concretas, orientadas pelo “princípio da misericórdia” foi tecida a vida de Madre Antonia. Ficamos contemplando essa experiência fundante que a levou a colocar na regra de vida das Oblatas, um quarto voto e hoje poderíamos dizer, de toda pessoa que queira viver a espiritualidade Oblata. Este voto é: “a paixão pela causa das mulheres em contexto de prostituição e outras exclusões”. Ou tomando suas palavras: “O zelo pela salvação das almas”. Até fazer inerente na nossa vida a experiência de misericórdia de Antonia refletida nesta expressão:

 “Quero que minhas filhas vejam nelas a imagem do Redentor”.

Texto: Ir. Manuela Piñeres - 2006

domingo, 27 de março de 2016

Ressuscitou, Aleluia!


Reflexão do Evangelho - Jo 20,1-9

Os sinais da ressurreição de Cristo.


Evangelho (Jo 20,1-9): O túmulo vazio. O trecho divide-se em duas cenas no cenário do sepulcro: a visita de Maria Madalena (vv. 1-2) e a visita dos discípulos (3-9).


Na manhã do primeiro dia da semana, antes da alvorada, Maria Madalena vai ao sepulcro, vê a pedra removida e volta correndo para avisar aos discípulos. Ela não entra, mas suspeita que o corpo do Senhor tenha sido roubado.

Diligentemente, os dois discípulos correm ao sepulcro. Ambos saem juntos, mas é o outro discípulo que chega primeiro e se inclina para ver as faixas mortuárias. Ele não entra; espera que Pedro seja o primeiro a entrar e o segue para o interior do sepulcro. O Discípulo vê e crê. O Evangelho de João atribui ao Discípulo Amado a fé na ressurreição de Jesus pela primeira vez.

Observe-se que a forma de ver de Pedro é diferente da do outro discípulo. Pedro vê, mas não crê, ainda que seu ver denote disposição para tal. Ao passo que o “ver” do outro discípulo acompanha a fé, indica a compreensão exata e a verdadeira tomada de consciência. Este ver é propiciado pelo amor. Somente o amor possibilita ver, nos sinais da ausência do corpo, a presença do Ressuscitado. Por isso o Discípulo crê imediatamente.

O crer, em João, tem o sentido de compreensão do mistério, que é a ressurreição de Jesus, cujos sinais, para serem compreendidos, exigem adesão da fé. Aqui os sinais são o túmulo vazio e as faixas deixadas não de qualquer jeito, mas dobradas.

O evangelho quer ressaltar a prontidão do Discípulo para discernir os vestígios do Senhor ressuscitado. No entanto, o final do texto nos apresenta algo importante. 
No processo de compreensão da fé no Ressuscitado está presente a Escritura, na qual se atesta a ressurreição. Somente compreendendo a Escritura é que se poderá chegar ao verdadeiro crer, sem a necessidade do ver.
Eles tiveram de ver para crer. Mas o evangelho quer transmitir para sua comunidade que, se tivessem entendido as Escrituras, não necessitariam do ver.

O evangelho afirma que o itinerário da fé se baseia nas Escrituras e no testemunho dos apóstolos. Mas é, em última análise, o amor que conduz o discípulo pelo itinerário da fé.

Fonte: Revista Vida Pastoral

sábado, 26 de março de 2016

Com a Mãe das Dores aprendemos que a salvação é fruto do sofrimento

Após os sofrimentos e a morte do Senhor na cruz, dirijamos nossa atenção, nossos olhares carinhosos para Maria, a Mãe de Jesus e nossa. Ela se encontra na casa de João. O discípulo amado a levou para lá, após o sepultamento de Jesus, cumprindo uma de suas últimas palavra na cruz: “Mulher, eis aí o teu filho. Filho, eis aí tua Mãe.”

Vamos encontrá-la em um quarto retirado, meditando sobre a vida de seu querido filho. Ela o revê criancinha... Belém...Nazaré... a despedida antes da vida pública...Caná...e outros momentos caros ao seu coração, agora transpassado pela espada de que falara Simeão, quando da apresentação de Jesus no Templo. De fato ela agora é a Senhora das Dores. Tudo quanto ela “conservava em seu coração” e sobretudo o que viu na Paixão, ela revive.

Mas a solidão está cheia de fé e de esperança, do mesmo modo como está cheia de tristeza.
Maria fica de pé em sua fé intacta, inabalável como gostamos de dizer. Ela nunca teve as flutuações, as hesitações da fé dos discípulos.

Seu filho acabou de sofrer. Está terminada a fase dolorosa da redenção. Maria sabe que a Ressurreição é certa e está próxima. Recorda as palavras pelas quais Jesus anunciou sua Ressurreição.

Já no Calvário ela presenciou a aurora da ressurreição, da vida nova, dos efeitos da redenção através da conversão de Dimas, o ladrão que professou a fé em Jesus; através da declaração do centurião de que verdadeiramente Jesus era justo; através da atitude de todas as pessoas que desciam do monte e voltavam para suas casas batendo no peito em sinal de arrependimento e contrição...

Maria, em seu quarto, recebe os discípulo: Pedro, que chora sua fraqueza; João, que chora um amigo; os demais, que haviam fugido. Um a um eles retornam. A Pedro ela ensina a humildade, a todos comunica sua paz, sua fé, sua esperança. Ela vive o papel de consoladora, que mais tarde Jesus ressuscitado exercerá magnificamente. Ela reagrupa os amigos de Jesus, um após o outro. Será o grupo dos dias da Ressurreição, da Ascensão, de Pentecostes, da primeira comunidade cristã. Assim a Igreja vai se enraizando no mundo: um grupo de verdadeiros amigos de Jesus que creem em sua Ressurreição. Maria inaugura seu papel de Medianeira, de Mãe de cada cristão, depois de ter cumprido o papel histórico de co-redentora.

Ao contemplar a Mãe dolorosa, nosso coração deve ir além do sentimento de compaixão, porque de seu sacrifício doloroso, nascemos para a plenitude da vida, merecida pela Cruz de Cristo. Com a Mãe das Dores aprendemos que a salvação é fruto do sofrimento. 


quinta-feira, 24 de março de 2016

Reflexão para a Quinta-feira santa - (João 13, 1-15 – Lavapés)

A Quinta-feira santa inicia o ‘Tríduo pascal’, o núcleo do ano litúrgico. O seu tempo mais importante. É recordação e é celebração daquelas horas finais da vida do Mestre junto aos seus discípulos. Cada comunidade se reúne à mesa da Eucaristia. Entre nós há a amizade, a ternura, o amor dos apóstolos. Comungar a Páscoa é receber a energia de vida e de libertação que nos vem das palavras e gestos de Jesus: na última ceia e na cruz.

O povo católico participa da Missa da Ceia do Senhor. Cerimônia comovente repassando as lembranças da despedida de Jesus conservadas pela Tradição. Tudo centralizado na Eucaristia por ele instituída nesse dia. Nessa mais preciosa herança a Igreja tem a fonte da sua presença viva e perpétua na consagração do pão e do vinho e a vivência perene do mandamento novo do Mestre: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei, este é o meu novo mandamento!”.

Enfim, momento imperdível do nosso crescimento espiritual, do convívio fraterno uns com os outros e da esperança de um mundo melhor para todos, a missa do “lava-pés” reproduz a lição de fraternidade deixada por Jesus. Até as crianças compreendem a exigência do novo mandamento concretizada em ritos e gestos. Ler: Jo. 13, 1-5.

A rigor o evangelho aqui não quer documentar fatos. Oferece um anúncio de fé sobre o sentido da pessoa e da obra de Jesus na terra. Nele e por ele Deus fez uma nova criação e uma nova aliança com os homens. Por isso a Última Ceia não repetia a ceia pascal judaica, mas a ultrapassava. A Páscoa de Jesus não foi a mesma páscoa do A.T. Foi a dele. Aquele jantar onde ele se despedia marcava também o início da sua “hora” pré-anunciada repetidas vezes. A hora decisiva da sua vida, o coroamento de sua missão. Ela revela a plena consciência humana de Jesus sobre sua vocação. “Sabia que o Pai tinha colocado tudo em suas mãos, que de Deus tinha saído e para Deus voltava” (v3). 

No texto a “hora de Jesus” significa sua volta para o Pai; é a saída do mundo. Saída é alusão ao êxodo ou a saída do povo hebreu libertado do Egito lá no longínquo passado. Lembra-se a páscoa que libertara o povo da escravidão pela imolação do cordeiro pascal. Mas, Jesus é o novo e verdadeiro cordeiro pascal. Deixou-se sacrificar movido por um amor solidário em extremo para nos libertar da escravidão gerada pelo pecado. Individual ou social, o pecado é a fonte da corrupção que sustenta a cultura da morte deixando rastros de injustiças e violências em toda convivência humana.

Essa entrega de amor do Senhor é revivida em todas as culturas do mundo nos gestos simbólicos do lava pés. Jesus tirou o manto, saiu da mesa e ajoelhou-se aos pés dos discípulos. O gesto de “tirar o manto” significa no texto: despojou-se de si para servir a todos. Passou de Mestre a servidor humilde. O lavar os pés era um serviço doméstico prestado ao dono da casa ao voltar da rua empoeirada. Só um escravo não judeu o prestava, pois era considerado muito humilhante e desprezível. A reação de Pedro sinaliza isso: “Tu nunca me lavarás os pés”. Ele só aceitou ver Jesus humilhado a seus pés ao ser colocado contra a parede: “Se não me deixas lavar os teus pés, não és dos meus amigos”.  Após a ressurreição do Senhor, ele e os outros discípulos entenderam aquela lição de amor fraterno solidário.

A postura de Jesus ajoelhado perante seus discípulos nos ensina que na comunidade cristã não há dominadores e dominados. Apenas irmãos e servidores uns dos outros.  O “lava-pés” não pode ser mera cerimônia. É teste e desafio aos cristãos de todos os tempos. A quem recusamos acolher? A quem não gostamos de servir? Talvez os excluídos por todo tipo de marginalização: desempregados, mendigos, idosos, nossos vizinhos mais humildes? Nesta quinta-feira santa coloquemos nossos pés nos caminhos de Jesus, renovando a convicção: segui-lo é servir por amor.

Pe. Antonio Clayton Sant’Anna,CSsR, 

quarta-feira, 23 de março de 2016

Experiência da Paixão de Cristo na família Redentorista

Renunciar a si mesmo é algo mais que uma simples etapa negativa na purificação de nosso espírito. A perfeita maturidade humana e liberdade plena supõe esta estrada e este processo de evolução gradativa. Quando você não tem mais nada a renunciar, é porque já perdeu tudo, você já é livre! Perder tudo para ganhar TUDO é o mesmo que esvaziar-se para que a alma se plenifique do essencial: Deus. Nele está a maturidade humana plena. Enganamo-nos ao pensar que o apego a valores, dons - que não são de Deus - nos libertem e conduzem à maturidade. "Livres" só quando tudo perdemos para encontrá-lo em Deus.

... Jesus é modelo, sua vida foi um renunciar-se contínuo: "Ele que tendo a condição divina, não quis ser igual a Deus, mas ao contrário, esvaziou-se de si mesmo, tomando condição de escravo, tornando-se igual aos homens" (Filip. 2,6-7).

Não foi brincadeira para o Verbo assumir uma "carne semelhante ao pecado" (Rom. 8,3) mesmo que para libertá-la em si mesmo! Entendemos então porque humilhou-se ainda mais, fazendo-se obediente até a morte e morte de cruz (Filip. 2,8), Não foi por divertimento!

Na cruz, Jesus mostra-nos o que é o estado de esvaziamento total, fazendo-se nada, o profundo da abnegação de si mesmo. Torna-se o grão de trigo que perde sua identidade, sua fisionomia e sua beleza própria, mas ressuscitando para uma vida nova. Impossível fugir desta dinâmica.

"O carisma Redentorista - imprescindível para o bem e a vida da própria Igreja - põe seu empenho especial no seguimento de Cristo, mas de forma particular no sei aspecto de esvaziamento ou indigência suplicante. Esta realidade de Jesus, indigência total, se efetua no relacionamento e dependência ativa, obediência ao Pai! Este identificar-se com Cristo pobre na cruz é a "alma" do Redentorista. Como Cristo, por isso mesmo, o Redentorista se identifica também com as almas mais abandonadas, pobres, simples, ignorantes, mais miseráveis. Neste sentido o mistério de salvação, como que a miséria de toda a humanidade lhe interessa". (Pe Isidro Oliveira).

"O fim de nossa Família Redentorista é tonar-se semelhante a Jesus Cristo, humilhado e desprezado. Como que pano de fundo de todas as regras: este é o fim principal de nossa família."

Que viemos fazer na família Redentorista se não queremos tolerar nenhum desprezo por amor a Jesus Cristo? Com que cara pregamos ao povo a humildade se nós mesmos detestamos  as humilhações? Por sermos todos miseráveis, peço a cada um que todos os dias na meditação ou na ação de graças, peça a Cristo desprezado lhe conceda a graça de suportar os desprezos com calma e alegria de espírito. Os mais fervorosos, porém, peçam-lhe positivamente a graça de serem desprezados por seu amor". (Carta - Nocera, 27.7.1750).

Cristo Crucificado, modelo, regra, fonte de nossa identidade redentorista.

Texto com alterações.
Fonte: Revista Akikolá

terça-feira, 22 de março de 2016

"A Verdade sobre a Escravidão Negra no Brasil" - part 5

O RACISMO É CRIME NO BRASIL, e foram necessários 100 anos de luta, desde a abolição da escravatura para isso acontecer. Hoje a sociedade se mobiliza para discutir abertamente politicas de reparação e melhorar a vida dos Afrodescendentes. É o que veremos neste último capitulo da série "A Verdade sobre a Escravidão Negra no Brasil".

segunda-feira, 21 de março de 2016

"A verdade sobre a Escravidão Negra no Brasil" - part 4

Os jovens negros são as maiores vítimas de homicídios no Brasil, uma situação que vem se agravando desde o período da ditadura militar. é o que veremos no quarto capitulo da série.




domingo, 20 de março de 2016

Reflexão do Evangelho - Lc 22,14−23,56

Não se faça a minha vontade, Pai, mas sim a tua.

A Paixão de Jesus tem sua antecipação profética no relato da Ceia. Chegada a hora de sua saída para o Pai, Jesus põe-se a cear com seus discípulos. Essa última refeição que ele toma com os seus revela-se a prefiguração de sua entrega a Deus e da conclusão de sua missão. Por isso, ela é cheia de significados. A morte de Jesus não é um fracasso, um caminho sem saída, mas inauguração da paz e salvação plena na presença de Deus. É consequência de sua vida, de sua doação plena ao projeto de salvação operado por Deus na história humana. É a manifestação do reino de Deus, ou seja, da justiça e fidelidade. É o cume do anúncio do reino de Deus, proclamado desde a Galileia, o qual foi o programa de toda a sua atuação pública. Por isso, ao dizer “desejei ardentemente”, Jesus quis dar um significado à sua morte iminente. Ela é promessa de restauração da humanidade decaída. Nessa promessa, Jesus associa os discípulos a um gesto retomado do banquete judaico, inserindo os seus no mesmo destino: o destino de alguém que enfrenta a morte na firme esperança de antecipar a realeza de Deus no mundo e na história.

Após a ceia, Jesus vai ao monte das Oliveiras e, como de costume, ora ao Pai, princípio e fonte de seu ministério. Ao vislumbrar o destino que o aguarda, Jesus recorre ao Pai. Na agonia, pede que lhe afaste o cálice do sofrimento. Mas mantém-se fiel à vontade de Deus. Não uma vontade desejosa da morte de seu Filho, mas a que revela o amor fontal e fiel de Jesus àquele de quem tudo recebe.
Em nome desse amor, Jesus permanece firme até o fim. E, movido por esse amor, enfrenta os que o capturam. É com esse amor e fidelidade filial que Jesus enfrenta a traição de Judas, a negação de Pedro, a dor e a humilhação infligida a ele por aqueles a quem fora enviado: seu povo.

No Sinédrio, Jesus é rejeitado de forma definitiva pelos líderes do seu povo. Diante do Sinédrio, o evangelista estabelece a posição e a identidade de Jesus em face da autoridade judaica. A identidade de Jesus é apresentada de forma progressiva: o Cristo (22,67), o Filho do homem, glorificado à direita de Deus (22,69), o Filho de Deus (22,70). Na expressão “Filho de Deus” está presente a profissão de fé cristã. O Filho do homem foi humilhado e menosprezado pela humanidade, mas agora está glorificado por Deus como um messias-rei (cf. Sl 110,1).

Após ser rejeitado pela liderança religiosa, Jesus é submetido ao poder político, que, apesar de estar ciente de sua inocência, o condena. Acusado de rebeldia e subversão, Jesus é entregue à morte. Na obstinação dos sumos sacerdotes, dos magistrados e da multidão em condenar Jesus, transparece a total rejeição ao projeto de Deus realizado no homem de Nazaré. A morte de Jesus situa-se ao final de uma série de infidelidades e rebeliões obstinadas contra o projeto de Deus ao longo da história.

No caminho da cruz, Jesus deixa entender que, na sua morte violenta, se decide o destino do povo de Deus e da humanidade. O julgamento histórico de Deus abater-se-á sobre a cidade de Jerusalém, símbolo da humanidade infiel e rebelde aos apelos dos profetas.

Jesus é crucificado entre malfeitores. O que veio para buscar os perdidos encontra-se agora entre eles, partilhando da mesma sorte. E, aqui, revela-se o rosto salvador de Deus. O Libertador de Israel não tira o Messias da cruz nem o livra da vergonha e da violência, contudo permanece fiel ao amor também na situação mais extrema.

A inocência de Jesus é reconhecida por um dos criminosos ao seu lado. E este proclama sua total confiança em Jesus. A resposta do Filho de Deus é uma afirmação solene da salvação já hoje, da salvação escatológica que começa no hoje da história humana. Então o pecador arrependido pode escutar a “boa nova”, o evangelho da salvação, que consiste na comunhão com Jesus no Reino dos justos. É com este último gesto de solidariedade que Jesus dá a salvação a quem crê e se converte.

Após sua morte, a ação de Deus é reconhecida pelo centurião, ao proclamar que Jesus era um homem justo. Mas a morte não é o fim e nos lança para o que acontecerá no amanhecer do primeiro dia da semana.

Fonte: Revista Vida Pastoral 

sábado, 19 de março de 2016

Música para Refletir nossa Vocação




Um Coração me Procurou 
Um coração me procurou, indeciso ele me encontrou.

Dialogou, me convenceu, perguntou se eu queria ser seu:
Ser seu amigo e seu seguidor, 

Seu missionário e seu pregador.

Quase não acreditei
Não merecia, mas aceitei (2x)

O coração que me chamou, compreendeu minha hesitação
Dialogou, me incentivou, foi mostrando o que é vocação:


Fez-se meu mestre, meu professor,

Me incentivando a ser pregador.
Sei que eu ainda não sei
Mas pouco a pouco aprenderei (2x)


O coração que é Jesus, inundou meu caminho de luz
Não me enganou, me preveniu,
Que o caminho tem dor e tem cruz.
Mas prometeu não me abandonar
Se eu lhe pedir e se eu confiar
Se eu não parar de aprender
Na sua graça eu hei de crescer(2x)


quinta-feira, 17 de março de 2016

Série "A Verdade sobre a Escravidão Negra no Brasil" - part 3

As diversas manifestações culturais dos negros no brasil encontraram espaço no projeto nacionalista do governo Vargas. Mas as reais bandeiras do movimento negro, o combate ao preconceito e as políticas públicas ficaram pra trás. É o que você vai ver na terceira reportagem da série "A Verdade sobre a Escravidão Negra no Brasil".



quarta-feira, 16 de março de 2016

Vinde Antonia

Vinde e se aproxime, sente um pouco.
Aquiete-se neste chão... 
Vinde sentir o pulsar de nosso coração.

Vinde serena, as portas já se encontram abertas...
Aprendemos contigo a abri-las.

Vinde e não se intimide. 
Adentre nossa casa.

Sinta o movimento de nossas andanças, 
nossos suspiros e arrepios.

Vinde logo, estamos a te esperar.

Vinde fazer rimas e ousar poesias, como aquelas que outrora fizera.

Vinde querida Antonia

Sente um pouco ao nosso lado, 
vinde caminhar conosco...
Subir ladeiras, descer escadas...

Adentrar espaços repugnantes,
 movimentos externos.
Vinde e não demores Antonia.

Vá entrando com cautela neste solo Sagrado, Espaços internos.
Vinde caminhar conosco,

E nos ensine a amar sem limites.(...)

Trecho do poema "Vinde Antonia" - Fernanda Priscilla


segunda-feira, 14 de março de 2016

Desafios do Rosto da Misericórdia

A  misericórdia está no centro da espiritualidade cristã. Mas nem sempre é clara. Por exemplo, como fica a misericórdia quando somos lesados ou passados para trás? é fácil falar de misericórdia enquanto temos poder e tranquilidade. Mas nas situações complicadas às vezes nem sabemos o que fazer, nem conseguimos nos controlar. Então é preciso ser bem realista para ser misericordioso no sentido cristão.

Estamos no ano da Misericórdia proclamado pelo Papa Francisco. Alguns pensaram que com tanta violência e terrorismo seria melhor mudar de conversa. Mas é o contrário. Por esquecer esta base fundamental da vida nos destruímos. A verdade é que a fraqueza física, mental e até moral é uma condição variável de todos nós. Diante disso, Jesus ensina a reconhecer um bocado de nós mesmos no limite dos outros, e então nos ajudarmos mutuamente. Assim, quando mais complicada a vida, mais precisamos reconhecer e nos guiar por esse princípio fundamental.

É natural ter raiva e sentimentos de revide ou mesmo vingança. A misericórdia é um gesto  de vontade  e não de simples sentimento. Por ela escolhemos controlar os impulsos e pensar o melhor jeito de defender o bem das pessoas, inclusive dos que fazem o mal. A partir desta escolha vai crescendo em nós e vamos alimentando também o sentimento de misericórdia.

A misericórdia tem um lado nacional, indispensável para não ser ingênua. É preciso entender a situação das pessoas e da gente mesmo para se afastar ou se aproximar; para confortar ou dar uma dura; para dar um peixe ou ensinar a pescar. A ação misericordiosa escolhe meios adequados para promover o bem das pessoas, nas diferentes situações. Vale ficar esperto para que a gente não acabe prejudicando ainda mais, em vez de ajudar.

A compaixão é outro nome da misericórdia. Seu sentido básico é chegar mais perto da situação difícil do outro, isto é, "com-padecer" ou padecer  com o outro. E então ajudar com amor e inteligência. A misericórdia é falsa quando se distancia da realidade das pessoas, porque então distribui alguma "bondade", mas no fundo culpabiliza e discrimina. Parece misericórdia, mas não é. Procurar compreender a situação das pessoas, causas e solução dos problemas, é um gesto efetivo de misericórdia compassiva. Com o jubileu da Misericórdia, o Papa Francisco provoca na Igreja e na sociedade e  renovação deste fundamento indispensável para a nossa vida social e cristã.

Fonte: Revista de Aparecida - janeiro 2016

domingo, 13 de março de 2016

Reflexão do Evangelho - Jo 8,1-11

 Ajustar-se à vontade de Deus é praticar a misericórdia.

Os fariseus querem uma prova concreta para incriminar e prender Jesus. Este retorna ao templo para ensinar a multidão presente naquele lugar. Enquanto ensinava, os fariseus trouxeram-lhe uma mulher surpreendida em adultério e, recorrendo à Lei de Moisés, inquiriram- -lhe sobre que sentença daria (v. 6). Naquele tempo, o adultério não era considerado somente a relação sexual. Aquela mulher poderia apenas ter se insinuado para um homem e isso já a identificava como adúltera. Nesse contexto, uma pessoa pode adulterar sozinha (cf. Mt 5,27; Jesus aplica essa lei também para o homem).
Os fariseus põem Jesus à prova, pois, de um lado, não poderia ficar contra a Lei, o que seria um pretexto para acusá-lo de blasfêmia, e, de outro, era de conhecimento público sua misericórdia para com os pecadores.

Jesus, de imediato, não responde, parece ignorá-los. Sabe que a preocupação de seus interlocutores, nesse momento, não é saber a vontade de Deus para ajustar-se a ela, mas apenas ter algo concreto para incriminá-lo. Quando insistem, Jesus responde de forma inesperada, modificando o enfoque da questão e envolvendo-os no assunto: “Quem dentre vós não tiver pecado atire a primeira pedra”. Nessa reviravolta, Jesus não recusa o juízo de Deus, mas deseja que os fariseus o apliquem primeiramente a si mesmos. E, como o conceito de adultério era muito mais amplo naquela época que nos dias atuais, então os interlocutores já não têm como continuar com a acusação sobre a mulher, visto que também são culpados, ainda que não tenham sido surpreendidos anteriormente.

Não tendo como continuar, cada um vai embora, começando pelos mais velhos – os mais prudentes. Assim, Jesus fica a sós com a mulher e lhe dirige a palavra, perguntando se alguém a condenou. Diante da resposta dela, ele afirma que também não a condena. A mulher é despedida de forma imperativa por Jesus, que lhe ordena que não peque mais.

Jesus se revela, nesse episódio, como o enviado do alto que mostra o rosto misericordioso de Deus, mas também o seu juízo. A justiça do ser humano é, principalmente, condenatória, diferente do juízo de Deus. A justiça de Deus é feita de perdão e de orientação para a mudança de vida. Na atitude de Jesus para com a mulher pecadora, não se revela apenas a sua identidade messiânica e profética, posta em xeque pelos fariseus, mas manifesta-se, sobretudo, a fé da mulher que confiou no seu juízo e por isso saiu justificada. Também se revela a incredulidade dos que se recusam a enxergar o testemunho de Jesus, o enviado do Pai.

Fonte: Revista Vida Pastoral

sábado, 12 de março de 2016

Música para Refletir nossa Vocação


Alô Meu Deus 

Alô meu Deus, fazia tanto tempo que eu não mais te procurava. 
Alô meu Deus, senti saudades tuas e acabei voltando aqui. 
Andei por mil caminhos e, como as andorinhas,
eu vim fazer meu ninho em tua casa e repousar 
Embora eu me afastasse e andasse desligado,
 meu coração cansado resolveu voltar. 

Eu não me acostumei nas terras onde andei. (2x)

Alô meu Deus, fazia tanto tempo que eu não mais te procurava.
Alô meu Deus, senti saudades tuas e acabei voltando aqui.
Gastei a minha herança, comprando só matéria,
restou-me a esperança de outra vez te encontrar 
Voltei arrependido, de coração ferido,
e volto convencido que este é o meu lugar.


quinta-feira, 10 de março de 2016

Série "A Verdade sobre a Escravidão Negra no Brasil" - part 2

Nesta segunda parte, veremos os problemas sociais enfrentados pela população negra no Brasil, ainda hoje, têm relação com a falta de políticas públicas no período pós-abolição. 

quarta-feira, 9 de março de 2016

Comunidade Santíssimo Redentor acolhe nova Postulante

“Toda Vocação vem de Deus, e toda resposta só vem do amor!" ( Ir. Janete Silva CIC)


No dia 28 fevereiro de 2016 em uma Celebração na Comunidade de Formação Santíssimo Redentor em São Paulo, a jovem Marcelly Gomes pediu oficialmente à congregação das Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor para ingressar na etapa Postulantado.

A jovem depois de ter vivenciado sua experiência de aspirantado externo, em sua cidade no Rio de Janeiro, e ser acompanhada pela Pastoral Vocacional na pessoa Irmã Sirley, dá mais um passo em sua caminhada vocacional. Este momento de graça na vida da jovem significa estar a caminho ao seguimento de Jesus Redentor, no processo de formação humana e espiritual.

A data escolhida para a oficialização do postulantado é muito especial para congregação, pois é celebrada a Páscoa (dia da morte) da Fundadora Madre Antonia Maria da Misericórdia; assim, este dia também marca a vida da Jovem Marcelly, sobre as bênçãos de Jesus Redentor e de Nossos fundadores.

Para a oficialização deste novo processo vocacional, a jovem durante a Celebração faz o pedido para sua admissão ao postulantado, onde fala do seu desejo de ser toda de Deus e de servi-Lo. Após o pedido ser aceito, a jovem recebe das mãos da Irmã Lucia Alves (vice-provincial) uma medalha de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, que é a Patrona da Congregação, e será companheira das postulantes neste momento de formação. Pois é o modelo de  fidelidade, nosso Socorro e proteção. 

Ao final da celebração a Marcelly foi abraçada pelas Irmãs presentes, um abraço de acolhida e recebeu homenagens através de videos, através de fotos, relembrando seu caminho vocacional até agora. E ela partilha conosco sua emoção neste momento especial: 



"Entrar no postulantado foi de grande importância para mim, pois pude perceber que o caminho que estou fazendo.É um caminho na vontade de Deus, que vem de encontro com a minha vontade e passa a ser uma coisa única. Onde a vocação é um chamado que exige resposta, para a minha felicidade, a resposta foi dada, e muito bem acolhida pela Congregação das Irmãs Oblatas do Ssmo Redentor."





E com muita alegria, recebemos Marcelly oficialmente como Postulante! Peçamos aos nossos Fundadores que sigam a acompanhando e que ela sempre tenha o Olhar fixo em Jesus Redentor a razão de sua entrega diária. 




Texto: Samara Lima (Postulante Oblata).

Vamos Refletir


terça-feira, 8 de março de 2016

Dia internacional da Mulher -8 de março

O Dia 8 de março é celebrado todos os anos, mas muitas pessoas não sabem a história real atrás desta data. Que possamos além de celebrar este dia, fazer com que a mulher seja valorizada, seus direitos e lutas atuais sejam vistos e acolhidos.



segunda-feira, 7 de março de 2016

Decidi viver para Deus


Todos os dias somos chamadas
 a tomar decisões.

Inicialmente decidir levantar
 ou ficar dormindo.

Mas, tudo depende de uma decisão.

Quando criança, não temos direito
 de escolha, tudo é decidido
 pelos nossos responsáveis.


Porém, ao atingir a idade adulta
 a decisão é nossa.

São decisões que nem sempre 
agradam a todos. Mas é nossa decisão.

Em meio as decisões, 
existe a decisão da vocação.


Vocação é chamado que exige resposta.
Resposta que só é possível 
dar com uma vida de oração...

Escutei, procurei, orei e me decidi.

Decidi viver para Deus!


Dar tudo, para tudo encontrar.
Então mais um passo na caminhada
 estou dando.

Pondo-me a caminho
 no Postulantado na Congregação
 Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor.

Pois, faz parte da minha caminhada 
rumo à felicidade em Deus.


Marcelly Gomes
Postulante Oblata


Ninguém fique indiferente ao jubileu da Misericórdia

Jubileu-extra (fora do tempo sugerido na Bíblia), mas num "tempo" oportuno" (Kairós) da graça transbordante do amor de Deus por nós. A bênção e abertura da Porta Santa Jubilar são simbólicas. Ela não é um objeto sagrado, mas sinal recordativo e convidativo a peregrinarmos mais atentos às coisas de Deus, voltando ao seu abraço de Pai.

O jubileu é a ocasião pedagógica do esforço espiritual e chance providencial da conversão. Aberta durante um ano, a Porta Santa acolhe os passos e anseios dos fiéis, cansados e vacilantes, mas em busca. O mundo atual, fluido em sua cultura de violência, descrença, intolerância, desrespeito e morte, marginaliza e envenena os contato humanos. Esquemas repugnantes da corrupção política nos jogam para fora do amor fraterno e do mero exercício da cidadania. Desprezam-se  valores do perdão, da compaixão, partilha, acolhida. Trabalhos, negócios e lazer não incentivam esforços para fazer o bem, semear a paz, acreditar na verdade. Ao contrário, projetos pessoais e comunitários da pura convivência humana apenas demarcam as linhas divisórias dos interesses opostos.

Neste convívio social competitivo, gestos de perdão e misericórdia parecem significar fraqueza ou omissão. A palavra 'perdão' até suscita certa repulsa, é indigesta nos confrontos, entrechoques e desavenças familiares e outras. Perdoar ofensas tem preço! Estabelecemos limites e condições. O farto noticiário sobre crimes, assaltos, agressões armadas mantém viva a psicologia da ação X reação que aciona aqui, ali e acolá o clamor pela justiça leniente com malfeitores.
Na teoria, a tolerância é sinal cultural significativo da hora atual. Em nome dela advoga-se a liberdade de expressão, permitindo imprimir caricaturas, charges, sátiras, deboches provocativos e/ou ofensivos aos sentimentos religiosos. Muçulmanos e cristãos são alvos preferidos na mídia européia. Há reação por atos vingativos, atentados e assassinatos. Mesmo condenáveis, provam que a tolerância tem limites a respeitar acima de ideologias.

Liberdade de expressão não é direito absoluto na sociedade. Mas, para nós cristãos, a prática da misericórdia é sem limites. Ela é inerente ao mistério da fé em Cristo, que  personaliza a misericórdia do Pai. Ela atesta o poder e a justiça de Deus. O mistério do pecado desafia, mas não suplanta o mistério da misericórdia. Impossível pôr limites a um "Deus que não se cansa de nos perdoar... Nós é que nos cansamos de Lhe pedir perdão... Onde houver cristãos, qualquer pessoa deve poder encontrar um oásis de misericórdia" (Papa Francisco). Sede Misericordiosos como o é o Pai, ensina Jesus (LC. 6,36).

Fonte: Revista de Aparecida - fev 2016