quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Irmã Oblata em terra de Missão.

A Congregação das Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor nasceu num berço missionário, nosso fundador Padre José Benito Serra foi um Missionário durante toda sua vida, e nas veias das irmãs Oblatas corre o desejo, a força e a alegria missionária.

Ser Religiosa Oblata é viver uma missão diferente, de um carisma é único. A vida da Oblata é dedicada exclusivamente à Mulher em Situação de Prostituição, dentro de suas diversas demandas, estende-se também à mulher que é vitima do tráfico de pessoas com a finalidade da exploração sexual. Uma Missão confiada, a obra de Redenção, numa Oblação continua ao próprio Redentor.

Nossa Missão de dá no cotidiano da vida, nas tramas das histórias de encontros e desencontros, feridas abertas, dores e cicatrizes que o tempo não cura, mas que a presença Oblata se faz profética e por vezes silenciosamente se torna um toque de Deus.

Eis um desafio pertinente em nossa missão: Testemunhar o toque de Deus na Salvação que acontece todos os dias, ser mulher gestadora de vida em plenitude, vivendo com a alegria e paixão o amor que redime.

Vamos juntas e juntos acompanhar esta experiência de missão e deste toque de Deus no cotidiano da vida Oblata, com a história de "Vick" (nome fictício para uma participante do Projeto Oblata) :

“Era dia de festa, ela não estava para celebração, havia passado no projeto apenas para se arrumar. Eu a conheço da época em que era uma mulher cheia de vida, sempre muito bem maquiada, cabelo escovado sem um fio branco, e as unhas pintadas... O alcoolismo sempre esteve presente, tinha personalidade forte, ou melhor, era uma mulher  marcada pela violência. A vida não lhe poupou, traz em si inúmeros rasgos de dores sofridas ainda na infância. Por diversas vezes ouvimos outras mulheres nos dizendo que a “Vick” era briguenta, brigava com todas e com todos, inclusive com a equipe da pastoral. Tinha uma rebeldia nata, tinha horror a horário, dizer não e contrariar sua vontade; era comprar uma briga.

Neste dia de celebração vi uma mulher que nem a sombra lembrava a Vick que conheci, fui ao seu encontro com um sorriso nos lábios e um abraço acolhedor, convidando-a para que participasse conosco da festa. Magra, abatida, com o sorriso triste e uma pequena luz que por vezes enquanto conversamos e recordávamos o tempo de outrora passava rapidamente pelo seu olhar. Em determinado momento da conversa disse que desde que chegou aqui, vem fazendo alguns bicos, mas já não tem se prostituído, porque quer reconquistar a relação com a filha, e que no momento está trabalhando em um bar e restaurante, recebendo de R$40,00 a R$50,00 a cada dois dias que trabalha, de acordo com o movimento. Quando perguntei pela saúde disse-me que segue tomando o coquetel e aqui também tem feito o acompanhamento medico. (Vick é soro positivo).

Participou da celebração, lanchou e na hora de ir embora confidencia que tem se sentido muito sozinha... agradeceu por eu ter a escutado.“Quando eu vim embora pensei as pessoas que gostam de mim ficaram lá, e fico feliz porque vocês estão aqui, vocês sempre foram  minha família, quando souberam que eu fiquei doente cuidaram de mim, nunca me abandonaram, nunca me senti excluída no projeto, agora que sei que vocês estão aqui vou vir mais vezes, eu não estou mais sozinha. Deus mandou vocês  para cá e eu tenho de novo minha família.”.

Esta é uma das inúmeras histórias de vida em que ouvimos e acompanhamos em nossos projetos de missão. E com essa e tantas experiências penso: Que Missão Padre Serra! Que Força tinha Antônia! Certamente ambos tinham a certeza que a missão a eles confiadas era árdua, um trabalho de restauradores. Deus é o grande Artista, Serra e Antônia foram apenas instrumentos e coautores.

Hoje seguimos sendo cooperadoras na Obra de Redenção, a missão não nos pertence, somos colaboradoras, mulheres que fizeram a experiência do Sagrado e com o Sagrado, por isso assumiram a consagração como compromisso de promover a vida, sendo profetizas da libertação. “Desgastando suas vidas como a vela que se consome sobre o altar, oferecendo a Deus até que não reste nada a não ser cinza.

"Porque para a Oblata, às Mulheres para quem elas são chamadas a anunciar o Reino, são a graça de Deus.”



Texto: Ir. Ana Paula Assis, OSR



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