sexta-feira, 7 de março de 2014

8 de março - Dia Internacional da Mulher

Dia da Mulher, momento para lembrar e celebrar as lutas e conquistas de milhares de mulheres no mundo. Mas uma data para refletirmos quantas vidas femininas necessitam de uma mão amiga, de um impulso para resgatar sua própria vida e História. 


SOMENTE SOU 
                                                                                                          Ir. Marilda de Souza



Preciso saber, seu nome mulher?
Meu nome, Deixa eu me lembrar... 
Já me chamaram de tantos nomes, apelidos, 
sobrenomes, que nem me sei quem sou. 
Bom me chamam de “Dita”, de Valdita, fui batizada assim.

Por favor, me dê seu CPF, RG, comprovante
de residência e outros documentos que tenha ai. 
Tenho nada disso não senhora. 
Se tinha, perdi pelo mundo afora.
O primeiro que perdi foi o tal de CPF
(era do Centro de Partida de Futebol?), mesmo sendo mulher 
gosto de ver a bola rolar, ou melhor, gostava. 
Hoje nem posso ver.
Foi a máfia do futebol que se aproximou de mim,
encheu de elogios minha “fia” e eu nunca mais vi.
redondo pra mim só a lua, o sol, nada mais...

   O meu RG, aquele que tem uma 
      fotinha, joguei no primeiro matagal
  que encontrei no meu caminho. 
     Sabe, o que me identificava, tirou 
    o pouco da vida que me restava.

Eu não moro, habito, aqui e ali. 
                   Sou coberta pelo tempo, num tapete de luar. 
       Minha companheira é a estrela Dalva, 
     conto tudo pra ela, não guardo nada. 
                         Nossa conversa acontece quando todos dormem,
aproveito sua hora de plantão. 

Parece uma vida diferente, e é. 
O vento na cara, o frio no pé, 
é suave, mas às vezes dói. 

Me vejo sob olhares que corrói, mas que faz de mim
eu, a mulher que o tempo moldou. 
Sonhadora e que precisa a cada noite 
De um tapete de estrelas.

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