terça-feira, 15 de maio de 2012

Acampamento da Vida Religiosa - Paixão por Jesus a Serviço do Reino - por Priscilla Fernandes

Ele está no meio de nós”.

“Eu começo dizendo: Ele está em nós... Está em nós e nós no seio, no coração da Trindade.
Era um jardim, e aos poucos foi tomando todo um trejeito de acampamento....chegamos, algumas tendas já montadas, outras começando a serem armadas, eram tendas de várias congregações que foram ganhando sua cor, seu brilho, sua marca, sua identidade e dentre tantas tendas, tinha uma muito especial que estava sendo montada, preparada, ornamentada... 

A Tenda do Senhor. “ELE apareceu lá no acampamento e montou a sua tenda entre nós, compartilhando de nossos sentimentos”. Permaneceu no meio de nós.
Assim demos início ao nosso acampamento, na sexta-feira, com a oração inicial diante da Tenda de Jesus Sacramentado, tenda esta que ficou armada durante todo o acampamento para que Ele pudesse ser visitado.




Diante d’Ele fomos chamadas a retornar, ver com o mesmo olhar que vimos pela primeira vez, e com este olhar (re) fazer o caminho de chegada até aqui...podendo perceber o cuidado e o toque de Deus em todo meu caminhar, tendo a certeza de que Ele sempre esteve e sempre estará comigo.



Seguindo com nossa oração, fizemos uma pequena caminhada para acender a fogueira, sendo ela o sinal da presença de Deus em nosso meio. Fogueira esta que deveria ficar acessa durante os dias do acampamento. Enquanto cantávamos ao redor da fogueira, ela era acesa. E este ato levou-me a uma reflexão: como anda esta chama dentro mim? Pois a fogueira acendeu, mas logo em seguida apagou, a lenha estava úmida e os papéis que foram colocados para ajudar a acendê-la, já haviam sido consumidos. E com isso aos poucos foram aparecendo utensílios para que esta fogueira fosse acesa, foram aparecendo mãos que contribuíram neste acender das chamas, como muitas vezes acontece em nosso caminhar, aparecem essas mãos para ajudar-nos a manter este fogo aceso.

À noite foi feita uma escala de adoração e mais uma vez experimentei o amor e a graça de Deus naquela noite fria, onde Jesus se fazia presente, não somente vinha, mas permanecia em nosso meio. Foi um voltar ao primeiro amor, retomar minhas raízes, minhas origens e ir percebendo que este caminho não foi construído sozinho, mas que Deus sempre enviou anjos para trilhar esses passos comigo. Nesta experiência me senti renovada, vibrando e apaixonando-me cada vez mais por este tal Jesus. Vale à pena consagrar-me pelo Reino, por esta obra de Redenção!!!
Muita coisa que com o tempo foi se esfriando aqui dentro, foi adormecendo, despertou com força total. Tudo dentro de mim ardia, vibrava, pulsava... era a vida sendo renovada. Assim como Moisés viu a sarça que ardia, mas não se consumia, assim é este algo que arde dentro de meu peito a cada dia mais e mais e não acaba, não se consome.


Este acampamento inquietou-me, provocou-me e desvendou algumas coisas que estavam veladas. E tudo isto me chama, convida-me a dar passos, a mudar, crescer....ser verdadeira discípula de Jesus e não apenas admiradora ou expectadora.
Fez-me entender que muitas vezes preciso silenciar a alma para ouvir a mim e os outros, é no silêncio que Deus habita. É preciso silenciar de corpo inteiro... e como é difícil silenciar, esvaziar-me...

 Este acampamento foi também refletido sobre a vida comunitária, nossa vivência fraterna. Entendi e compreendi que eu também sou comunidade, sou parte deste todo, que devo arriscar-me por ela, ser vida com aquelas que congregam junto comigo. Ser comunidade é sentir o prazer de estar com a outra, ser alimento para ela, ser verdadeira Eucaristia, ser esta oblação diária, “Oblata sobre o altar de cada dia”.


E que em todo este processo preciso ser pessoa, identificar-me como tal e como dói... mas sei que é necessário. Preciso ter a coragem de viver o Evangelho como Jesus viveu, deixar tudo isto que arde dentro de mim transformar-se em vida, ser testemunho de que o outro consiga ver em mim a face de Cristo, neste mundo tão corrido, onde os valores estão invertidos, mostrar que esta sede, este vazio não é saciado com este consumismo exagerado, mas que devemos fixar nosso olhar n’Ele. Que tudo que faço tem que ter um sentido maior e por primeiro, levar-me ao encontro de Jesus. Vivendo cada vez mais este Deus que se encarnou, se fez homem por amor.


Encerramos nosso acampamento com uma procissão para um assentamento, o Dandara. Na saída iniciamos a missa, demos uma parada para fazer as leituras e encerramos a Celebração da Eucaristia com o povo do assentamento. E pudemos com aquela realidade ver um Deus que desce, vê e acolhe o sofrimento de seu povo e nos convida a fazer esta descida e este caminhar junto com Ele e com seu povo. Chama-nos a ir também ao encontro deste povo, montar a tenda.”

Priscilla Fernandes – Postulante Oblata

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